terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Às seis da tarde

Ás seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
com boa saúde
se havia comida no fogo
e se o marido lhes dava
do bom
e do melhor
choravam porque no céu
além do basculante
o dia se punha
porque uma ânsia
uma dor
uma gastura
era só o que sobrava
dos seus sonhos.
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução
Marina Colasanti

4 comentários:

  1. me lembro, quando criança, achar um casa um livro da Marina Colasanti, Longe Como o Meu Querer, lembro de tê-lo lido um milhão de vezes, e até hoje, além de um de meus preferidos, é também um dos que mais (de maneira indireta) me inspiram.

    Meu caso com ela é basicamente um caso de amor, e antigo, ainda. Quão triste fiquei quando ela, esses dias, passou aqui na minha cidade pra uma mesa redonda, e eu, nem me lembro porque, não pude ir.

    Excelente escolha para atualizar o blog!

    beeijo!

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  2. Marina Colasanti consegue expor a alma dessas mulheres que são "fortes" para manter a casa e a família em equilíbrio.

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  3. Muito lindo!
    Obrigado por compartilhar conosco.
    Desejo-lhe um Feliz 2013 e que possamos continuar sempre juntos.
    Ah!! Obrigado por sua presença em meu blog. Suas palavras são fundamentais.
    Abração e TAMUJUNTU.

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  4. Eu já chorei tanto, por tristezas e alegrias. Chorar parece o banho da alma né?

    Gostei muito do poema. Bom início de semana. :*

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